sábado, 31 de agosto de 2013

Porque hoje é sábado



Aqui está, amigo, minha casa vazia e meu cheio coração: é o quanto resta, após a tempestade da véspera.
Durante muito tempo, reuni objetos que a convenção valorizou, e de ornamentos inundei o lar, fazendo-o deslumbrante e belo.
Muitas vezes desejei deter o sol triunfante, para que minhas águas se doirassem ao seu beijo, quando seus raios descessem a mirar-se no lago do meu quintal. Todavia, fagueiro, ele corria pelo céu e, ocultando-se, fazia-me chorar de emoção ao vê-lo emoldurando nuvens brincalhonas.
Vezes outras, roguei à pálida virgem da noite descesse seus cabelos de prata, e os umedecesse no orvalho guardado nas pétalas do meu roseiral. No entanto, ei-la no lago, a deslizar nas águas paradas, despedaçando-se sob as rodas do carro do vento.
Às aves do arvoredo, supliquei sempre cantassem à janela do meu quarto, despertando-me com o gorjeio das suas vozes canoras. Mas, quando as tive perto, no peitoril da janela, tornei-me ladrão, roubando-lhes a liberdade, para sempre as ouvir cantar...  e, daí por diante, sempre estiveram a chorar a perda do céu sem fim e do arvoredo musical, que a brisa oscula e a noite acalenta.
Tudo quis: nada tive.
Quando, porém, a dor de muitos chorou à minha porta, qual tempestade de desesperos, dei todos os objetos, ornamentos e valores que a humana condição venera...
E libertei-me da rapina, libertando as aves. A dor dos estranhos me falou tanto, que me fiz mendigo, rico que fui, para dar.
E agora que chegas, amigo, tu a quem amo...  somente posso oferecer-te minha casa vazia e meu cheio coração, eu, que antes era dono de uma casa cheia e de um vazio coração.
(Tagore)

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Olhai



Contemplai os lírios do campo como crescem…
Existe uma profunda atividade entre o homem espiritual e a Natureza.
É que na natureza subconsciente opera diretamente a grande inteligência Cósmica da Divindade, ao passo que no consciente humano opera apenas a pequena inteligência telúrica.
A natureza, reflexo direto do espírito divino, não revela vestígio de cuidados, de afobação, de nervosismo, não visa determinado resultado, mas procura realizar com a máxima perfeição cada uma das suas obras.
Em nossas selvas tropicais, desabrocham, cada dia, milhões e miríades de flores, prodígios de formas e cores – e morrem pouco depois para serem substituídas por outras maravilhas, sempre novas, através de milhões de séculos e milênios.
Quem as vê? Quem as admira? Quem as aplaude?
Ninguém.
As maravilhas da natureza não nascem para serem elogiadas, não são belas para serem vistas – mas por causa da própria beleza. Toda sua razão de ser é intrínseca, não tem finalidade extrínseca.
Quando o homem ultrapassa a zona de sua consciência egoística e interesseira, e entra no universo de seu espírito cósmico e desinteressado, então realiza, conscientemente, o que a natureza fez inconscientemente.
(Huberto Rohden)

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Perseverança



O guerreiro da Luz sabe o valor da persistência e da coragem.  Muitas vezes, durante o combate, ele recebe golpes que não estava esperando.
O guerreiro da Luz sabe que, durante a guerra, o inimigo vencerá algumas batalhas. Quando isto acontece, ele senta-se em um canto, chora suas mágoas, recupera um pouco suas energias, mas imediatamente volta a lutar por seus sonhos.
Ele sabe que, quanto mais tempo permanecer afastado, maiores são as chances de sentir-se fraco, medroso, intimidado. Ele sabe que, se um cavaleiro cai do cavalo e não torna a montar no minuto seguinte, jamais terá coragem de fazê-lo novamente.
(Paulo Coelho)

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

(Res)pingos de luz



O homem nasceu para vencer, para conquistar, para transpor.
A inteligência, o saber, a força do bem, estão em seu íntimo, esperando para serem desencadeados, para elevá-lo acima das dificuldades.
(Joseph Murphy)

 [Retirado do caderno de anotações do Prof. Antônio Costa, nosso pai.]

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Vastidão da vida



A ideia de que a vida não tem sentido se os desejos não forem satisfeitos é resultado de um pensamento estreito. É um sinal de que só se pensa em si, com uma ideia bem estreita sobre si mesmo. Mesmo quando a vida parece sem sentido porque nossos desejos particulares não foram satisfeitos, ainda temos possibilidades ilimitadas. Podemos ver que é assim porque nossa vida alcança muito além de onde nos encontramos a qualquer momento.
Nossa vida é vasta. Ela não termina nos limites daquilo que pessoalmente vivenciamos. Não é algo concreto ou delimitado. Não acho que seja válido encarar nossa vida como estando limitada a nós mesmos — como se a vida humana alcançasse apenas até onde vai nosso próprio corpo. 
Em vez disso, podemos ver que a vida se estende por todas as direções, como uma rede. Jogamos a rede e ela vai se expandindo. 
Exatamente assim, nossa vida se estende para tocar muitas outras vidas. Nossa vida pode alcançar adiante e se tornar uma parte constante da vida de todos.
(17º Karmapa)