Não é à toa que entendo os que buscam caminho.
Como busquei
arduamente o meu! E como hoje busco com sofreguidão e aspereza o meu melhor
modo de ser, o meu atalho, já que não ouso mais falar em caminho.
Eu que tinha
querido. O Caminho, com letra maiúscula, hoje me agarro ferozmente à procura de
um modo de andar, de um passo certo.
Mas o atalho com sombras refrescantes e
reflexo de luz entre as árvores, o atalho onde eu seja finalmente eu, isso não
encontrei.
Mas sei de uma coisa: meu caminho não sou eu, é o outro, é os
outros. Quando eu puder sentir plenamente o outro estarei salva e pensarei: eis
o meu porto de chegada.
( Clarice Lispector )
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