O roceiro sentou à sua porta num
anoitecer de setembro, depois de um dia de dura faina, a mente ainda às voltas
com o trabalho.
Depois de tomar banho, sentou-se pra recrear e recriar seu
homem intelectual.
Era uma noite bastante fria, e alguns vizinhos previam uma
geada. Pouco depois de se entregar ao fio de seus pensamentos, ele ouviu alguém
tocando uma flauta, e aquele som se harmonizava com seu estado de espírito.
Ainda pensava no trabalho; mas o que lhe pesava era que, embora esse pensamento
continuasse a lhe girar na mente e ele se visse planejando e programando contra
sua vontade, ainda assim aquilo pouco lhe interessava.
Era apenas a descamação
de sua pele, que estava se soltando continuamente. Mas as notas da flauta lhe
chegavam aos ouvidos vindas de uma outra esfera, diferente de onde ele
trabalhava e sugeriam trabalho para certas faculdades adormecidas dentro
dele.
(Henry David Thoreau)
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