Sentia que o relógio chamava para o
seu tempo,
Que era o tempo de todos aqueles
fantasmas,
O tempo da vida que passou…
Tenho saudades dele.
Por sua tranquila honestidade,
Repetindo sempre, incansável,
"tempus fugit".
Ainda comprarei um outro que diga a
mesma coisa.
Relógio que não se pareça com este
meu, no meu pulso,
Que marca a hora sem dizer nada,
Que não tem histórias para contar.
Meu relógio só me diz uma coisa:
O quanto eu devo correr para não me
atrasar…
Mas o relógio não desiste.
Continuará a nos chamar à sabedoria:
"tempus fugit…"
Quem sabe que o tempo está fugindo
descobre, subitamente,
a beleza única do momento que nunca
mais será…
(Rubem Alves)
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