[...] As margens de um caminho não são opostas por si mesmas, tornam-se
opostas em função do ponto de vista do caminhante. O lado direito e o esquerdo
são os do caminhante, não os do caminho. Vale dizer, os da alma do caminhante,
que facilmente projeta neles suas tensões em conflito. E é bom que
o faça, pois a metáfora do caminho traz consigo diagnósticos e esperanças de
transformação.
Senão, vejamos: o lado direito e o esquerdo fazem às vezes de lados bom e mau, certo e errado, reto e torto, claro e escuro, consciente e inconsciente, esposa e amante, etc.
Senão, vejamos: o lado direito e o esquerdo fazem às vezes de lados bom e mau, certo e errado, reto e torto, claro e escuro, consciente e inconsciente, esposa e amante, etc.
No caminho se vai para frente ou para trás, se progride ou
regride, há futuro e passado, se tem rumo ou se está perdido, ele está impedido
ou desimpedido, os obstáculos são fáceis de serem transpostos ou muito
difíceis, ele é perigoso ou nem tanto, se estamos sós ou acompanhados, se nos
ajudam ou não, se aguardamos a próxima curva, a próxima vila, ou se voltamos
já.
E será ainda possível o retorno? E a bifurcação? E a decisão numa
encruzilhada?
Muitas histórias ... Espelhos onde a alma se reflita, se veja e se
retoque.
Os opostos só existem na alma.
Os opostos só existem na alma.
Quando os lados direito e esquerdo de um caminho
voltarem a ser apenas os lados direito e esquerdo de um caminho, então o
caminhante estará em paz. [...]
(Rogério Malaquias)
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