Lutar com a realidade de nossas vidas faz parte da infindável
preparação do solo.
Às vezes preparamos bem algum pequeno pedaço de terra.
Podemos ter pequenos insights, momentos que florescem. No entanto, ainda há
acres de terra não preparada — então, continuamos indo, abrindo cada vez mais
nossa vida.
Isso é tudo que realmente importa.
A existência humana deveria
ser como um voto, dedicado a desvelar o significado da vida.
O significado da
vida na verdade não é complicado; mas ele está oculto de nós devido ao modo
como encaramos nossas dificuldades. É necessária a prática mais paciente para
começarmos a ver através delas, para descobrir que as pedras pontiagudas são
verdadeiras joias.
Nada disso tem nenhuma relação com julgamento, com ser pessoas
“boas” ou “más”. Apenas fazemos o melhor que podemos a qualquer momento; o que
não vemos, não vemos.
Esse é o ponto da prática: alargar aquele pequeno furo que se
abre às vezes, pelo qual podemos ver, para que ele fique maior e maior. Ninguém
o vê o tempo todo. Eu certamente não vejo. Então, continuamos perfurando.
De certo modo, a prática é diversão: olhar minha própria vida e
ser honesta sobre ela é divertido.
É difícil, humilhante e desencorajador;
ainda assim, por outro lado, é diversão — porque está viva. Ver a mim mesma e
minha vida como realmente somos é alegria.
Depois de toda luta, fuga, negação e caminhar no sentido oposto,
é uma profunda satisfação, por um segundo, estar lá com a vida como ela é. A
satisfação é o próprio núcleo de nós mesmos. Quem somos está além de palavras —
apenas aquele poder aberto de vida, manifestando-se constantemente em todos os
tipos de coisas interessantes, mesmo em nossas angústias e lutas.
A disputa é ao mesmo tempo horrenda e benéfica.
É isso que
significa preparar o solo.
Não temos que nos preocupar com os pequenos momentos
ou aberturas que pipocam. Se tivermos solo fértil e bem preparado, podemos
jogar qualquer coisa lá que vai crescer.
(Charlotte Joko Beck)
Nenhum comentário:
Postar um comentário