Amor vem de
amor.
Vem de longe, vem no escuro, brota que nem mato que dispensa cuidado e
cresce com a mais remota chuva.
Vem de dentro e fundo e com urgência.
Amor vem
de amor.
Que não cabe, mas assim mesmo a gente guarda. A gente empurra, dobra,
faz força, deixa amassado num canto, no peito, no escuro, dentro, ou larga
pegando sereno.
Amor vem de amor.
Vem do pedaço mais feio, do mais sem palavra,
do triste, vem de mãos estendidas.
É tecido desfeito pelo tempo, amarelecido
pelo tempo, pelo cheiro da gaveta fechada, pelo riscado do sol na madeira.
Amor
vem de amor.
Vem de coisa que arrebata, vira chão, terra, cisco, resto, rastro,
coisa para sempre varrida.
É delicadeza viva forte violenta. Que faz doer,
partir, deixar caído.
Amor vem de amor.
E dói bonito! Cheio de sabor.
(João Guimarães Rosa)
Grande Guimarães! Mas o amor dói bonito? não sei.. as vezes parece a dor mais feia.
ResponderExcluirO amor não dói!
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