sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Sobre a paz



Os indios Aymara, que habitam há séculos as margens do lago Titicaca, nos Andes, junto com algumas tribos africanas tem um estranho conceito de passado e futuro.
Exatamente ao contrario de nós, o que para nós é passado, para eles é futuro e, com esse conceito defendem a necessidade de sete diferentes tipos de paz. 

A primeira é para dentro de si. Consigo próprio, na saúde do corpo, na lucidez da mente, no prazer do seu trabalho, na correspondência dos seus amores. Sem paz consigo, você não está em paz.
A segunda é para cima. Com o espírito de seus antepassados, com a vontade de Deus. Se você não está em paz com o mundo espiritual, com a essência de sua existência, sua paz está incompleta.
A terceira paz é para frente, com seu passado. A cultura ocidental põe o passado para trás. Já os Aymara põem o passado à frente, porque ele é o conhecido, o visto, o vivido. Se você tem remorsos, dívidas não pagas, culpas, arrependimentos, não está totalmente em paz.
A quarta paz é para trás, com seu futuro. Quem tem medo do que virá, está assustado com dívidas a pagar, com emprego incerto, esperando más notícias, não está em paz.
A quinta é para o lado esquerdo, com seus próximos. Sem a paz familiar, não há paz. A disputa doméstica, o descontentamento com familiares e amigos próximos, tira o sentimento de paz.
A sexta paz é para o lado direito, com seus vizinhos. Não adianta a paz em casa, se do outro lado da rua estão a ameaça, a maldição, o descontentamento.
A sétima paz é para baixo, com a terra que você pisa, de onde virá seu sustento. Se vier tempestade, se o solo secar ou tremer, se não respeitarmos nosso planeta, não haverá paz completa.

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