Por todas as filhas inteligentes, desconhecedoras, sem rumo e
pelas que tudo sabem…
Pelas que estão avançando direto ou que perseguem aos trancos…
Pelas que estão aprendendo a chorar novamente…
Pelas que estão aprendendo a gargalhar…
Por todas elas, não importa se estão saudáveis, curadas ou não,
não importa de que classe, clã, oceano ou estrela…
Por todas as filhas que herdaram amor em abundância de
antepassadas queridas que já se foram, mas que mesmo assim ainda fazem visitas…
Por todas as filhas que um dia ouviram por acaso o conselho de
uma sábia destinado a outros ouvidos, mas essas “palavras certas na hora certa”
causaram uma centelha que iluminou seu mundo daquele momento em diante para
sempre…
Por todas as filhas que ouviram a sabedoria, não a entenderam,
mas a guardaram para o dia em que conseguissem compreender…
Pelas filhas que remam sozinhas e cujas antepassadas escolhidas
foram por necessidade encontradas em livros queridos, em imagens norteadoras
captadas no cinema, na pintura, na escultura, na música e na dança…
Pelas filhas que absorvem o bom senso e as atitudes necessárias
trazidas por espíritos de sabedoria, ásperos e evanescentes que aparecem em
sonhos noturnos… Pelas filhas que estão aprendendo a escutara velha sábia da
psique, aquela estranha sensação interior de nítida percepção, de audição,
noção e ação intuitivas…
Pelas filhas que sabem que essa fonte de sabedoria interior é como
a panela de mingau dos contos de fadas que, por mágica, nunca se esvazia, por
mais que se derrame seu conteúdo…
Por elas…
Abençoadas sejam suas belezas, tristezas e buscas;
que sempre se lembrem que perguntas ficam sem resposta,
até que sejam consultados os dois modos de enxergar: o linear e o
interior.
E que sejamos sempre: velhas enquanto jovens e jovens enquanto
velhas.
(Clarissa Pinkola Estés)
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