quarta-feira, 20 de junho de 2012

Tempos gelados


[...] O rei sol decidiu que cada um deles governasse por sua vez, durante certo tempo. As ordens de um pai, para mais rei, e ainda por cima sol, tem de se cumprir.
O outono não gostava desta partilha. Queixava-se de que lhe não davam tempo… ainda estava ele a arrumar e a alindar a casa, pintando tudo da cor púrpura, em tons e meios-tons amarelos doirados, e já o inverno lhe batia à porta. Então o outono tinha uma birra e arrancava as folhas das árvores, algumas ainda por pintar…
Saía o outono com lágrimas nos olhos e entrava o inverno.
Em que desordem isto está — exclamava ele, irritado. E punha-se a varrer. Varria com tanta força que fazia vento. Depois lavava, em grandes bátegas, caídas do céu… as sementes e os grãozinhos, que o outono deitara à terra, assustavam-se:  iremos nós também na cheia? — perguntavam uns para os outros.
O inverno ouvia-os e dizia-lhes: sosseguem! Durmam descansados. Vai tudo dormir um longo sono. Assim tem de ser.
E tão carinhoso ele era que cobria os lugares mais desprotegidos da terra com um manto branco de neve [...]
(Desconheço autoria)

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