A lição de
conviver,
senão de
sobreviver
no mundo
feroz dos homens,
me ensina
que não convém
permitir que
o tempo injusto
e a vida
iníqua me impeçam
de dormir
tranquilamente.
Pois sucede
que não durmo.
Frente à
verdade ferida
pelos
guardiães da injustiça,
ao escárnio
da opulência
e o poderio
dourado
cujo
esplendor se alimenta
da fome dos
humilhados,
o melhor é
acostumar-se,
o mundo foi
sempre assim.
Contudo, não
me acostumo.
A lição
persiste sábia:
convém cabeça,
cuidado,
que as
engrenagens esmagam
o sonho que
não se submete.
E que a
razão prevaleça
vigilante e
não conceda
espaços para
a emoção.
Perante a
vida ofendida
não vale a
indignação.
Complexas
são as causas
do desamparo
do povo.
Mas não
aprendo a lição.
Concedo que
me comovo.
(Thiago de Mello)
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