quinta-feira, 30 de outubro de 2014
Contando um conto
Certa vez, no deserto, fui procurado por um jovem de feições claras, voz mansa e um coração nobre.
Perguntou–me se podia me seguir e aprender com a minha experiência. Sorri para ele, traduzindo as boas- vindas.
Peregrinamos e trabalhando juntos, especialmente fazendo curas através de plantas medicinais, imposição das mãos e de aconselhamento. A cada dia ele mostrava-se mais independente e eu, então, lhe disse: a fonte da sabedoria está transbordando sempre para todos. Ela é o nosso mestre e nós somos a cálice.
Esteja sempre vazio e humilde diante dela e saciarás a sede, sempre que for preciso.
Depois de algum tempo ele se foi, para caminhar sozinho.
Os anos foram passando e,num certo dia, o encontrei numa tribo de nômades. Estava enfraquecido, doente. Ao me ver ficou muito alegre, embora não escondesse sua vergonha de estar como estava. E contou sua história.
Seu trabalho de cura, depois de algum tempo, não deu certo e ele não sabia o motivo.
Olhei- o terno e profundamente e lhe disse: irmão amado, retomas novamente o seu caminho na cura, volta a beber da fonte da sabedoria, mas dessa vez não cometas o erro que cometeste. Tens o talento, o amor, a sensibilidade e a sede de saber, mas esquecestes de agradecer ao universo o que recebias. Lembre-se, filho amado, o cálice te pertence,mas a fonte pertence a todos nós.
Quando beber da sabedoria infinita e saciar a tua sede de saber, devolve ao universo o que retiraste dela em forma de gratidão.
Ele olhou para mim e o seu olhar queria saber porque eu não o havia alertado antes sobre a importância da gratidão na vida de todos nós.
Nem esperei o balbuciar das suas palavras e lhe disse: em verdades eu te digo, a gratidão não pode ser ensinada e nem ao menos sugerida. Ela deve ser vivenciada como prática viva daqueles que carregam a humildade no seu coração.
Ele me abraçou e me agradeceu por eu ter sido a ponte para que ele reencontrasse novamente a Fonte e dela pudesse novamente beber.
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