sábado, 30 de janeiro de 2016

Porque hoje é sábado



Como as gaivotas e as ondas se encontram,
nos encontramos e nos unimos.
Vão-se as gaivotas voando,
vão pairando sobre as ondas;
e nós também vamos.
Se de noite choras pelo sol,
não verás as estrelas.
A luz do sol me saúda sorrindo.
A chuva, sua irmã triste, me fala ao coração.
Se faço sombra em meu caminho,
é porque há uma lâmpada em mim que ainda não foi acesa.
Teu sol sorri nos dias de inverno de meu coração,
e não duvido jamais das flores de tua primavera.
(Rabindranath Tagore)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A arte de compreender o mistério de cada um



[…] Esses são os segredos da vida. Se você aceita alguém com totalidade, ele começa a mudar, porque você lhe dá total liberdade de ele ser ele mesmo. E a pessoa que lhe dá total liberdade de você ser você mesmo, você gostaria que aquela pessoa fosse feliz; no que lhe diz respeito, ele lhe deu a dignidade e a honra de aceitá-lo.
É muito natural que, se você vê algo em você que não está certo - embora a outra pessoa o aceite como você é - você deseje ser até melhor, por causa dela; ser mais meigo, mais amoroso, mais delicado por causa dela.
Eu o aceito como você é. Eu não tenho nenhuma expectativa sobre você - eu não quero que você seja modelado dentro de uma certa ideia, dentro de um certo ideal. Não quero fazer de você uma estátua morta. Quero que você fique vivo, mais vivo e você pode ser vivo somente se a sua totalidade for aceita - não apenas aceita, mas respeitada.
Eu quero que cada pessoa do meu povo seja simplesmente ela mesma, absolutamente natural e permitindo que o outro também seja natural, aceitando uns aos outros, tentando compreender o mistério de cada um e ajudando de todas as maneiras de modo que o outro possa se tornar cada vez mais autêntico.
Somente seres humanos autênticos podem criar uma sociedade que seja alegre, extasiada e, no sentido verdadeiro, humana.
(Osho)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Contando um conto



Havia um rei na Índia que queria que seu palácio tivesse o jardim mais belo de todos. Viajou por vários países até que encontrou um mosteiro Zen, cujo jardim era absolutamente belo e perfeito. 
Ali ele ficou por três anos aprendendo a como plantar, cuidar, cultivar as plantas.
Depois desse período voltou ao seu palácio, e com a ajuda de cem jardineiros iniciou a construção do seu jardim perfeito.
Foram dois anos de trabalho e ao final desse período o rei mandou chamar seu mestre zen, para que avaliasse seu trabalho.
O jardim era enorme, e cuidadosamente plantado, super organizado e limpo.
Quando o mestre zen chegou, caminhou por entre os canteiros, tocou as plantas, respirou, sentiu a energia do lugar, ficou ali um bom tempo, e veio falar com o rei.
-Muito bem, disse ele. Você construiu um jardim belo, é verdade, mas ele não está realmente vivo.
-Como assim, replicou o rei. Todas as plantas estão vivas, saudáveis, em total harmonia de cores, de formas, de contrastes, de floração,tudo perfeito!
-Não, disse o mestre. Seu jardim é falso, porque é perfeito. Na natureza não existe nada perfeito, existe sempre algo que quebra a perfeição e dá a ela o ar de vida, de verdade, de fluxo, de movimento e transformação. Aqui não encontrei nenhuma folha seca, nenhum galho seco, nenhum capim, nenhum pequenino animal que desfrute desse lugar, nada. Por isso ele pode ser belo, mas ele não é vivo.
-Preocupe-se menos com a perfeição estética, e a limpeza e valorize mais a espontaneidade e a simplicidade viva.
-A natureza é perfeita na sua imperfeição, e bela com todos os seus contrastes.
-A vida contém a morte, logo, os galhos secos, as folhas secas, os capins precisam estar presentes, pois eles nos lembram da impermanência, nos lembram que a beleza também passa por todas as fases, todas elas.
-Vamos refazer seu jardim.
E o mestre foi lá e pegou as folhas secas, os galhos e deixou a própria natureza se encarregar de construir o jardim perfeito (vivo) do rei.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Onde está a simplicidade?



É sempre difícil manter-me simples e claro. 
O mundo adora o sucesso, quanto maior, melhor; quanto maior a audiência, maior o orador; os edifícios colossais, os carros, os aviões, e as pessoas. 
A simplicidade se perdeu. 
As pessoas de sucesso não são as que estão construindo um mundo novo. Ser um revolucionário real requer uma mudança completa de coração e mente, e tão poucos querem se libertar. A pessoa corta as raízes superficiais; mas para cortar as profundas raízes que alimentam a mediocridade, o sucesso, é preciso algo mais que palavras, métodos, compulsões. 
Parece que esses revolucionários são poucos, mas eles são os construtores reais - o resto trabalha em vão.
(Krishnamurti)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Luz da semana



Um dos nossos problemas é que poucos de nós desenvolveram uma vida pessoal distinta. Tudo em nós parece de segunda mão, até mesmo nossas emoções. 
Em muitos casos, dependemos de informações de segunda mão para funcionar. 
Eu aceito a palavra do médico, de um cientista, de um fazendeiro, dando-lhes crédito. Não gosto de fazer isso, mas tenho de fazer, porque eles possuem conhecimentos vitais sobre a vida que eu ignoro. 
Posso aceitar informações de segunda mão sobre o estado dos meus rins, os efeitos colaterais do colesterol e a criação de galinhas. Mas quando se trata de questões de significado, finalidade e morte, informações de segunda mão não servem. 
Não posso sobreviver com uma fé de segunda mão num Deus de segunda mão. Tem de haver uma palavra pessoal, uma confrontação única, se pretendo sair vivo.
(Alan Jones)                       

sábado, 23 de janeiro de 2016

Porque hoje é sábado

Toda forma que vês
tem seu arquétipo no mundo sem lugar.
Se a forma esvanece, não importa,
permanece o original.

As belas figuras que viste,
as sábias palavras que escutaste,
não te entristeças se pereceram.

Enquanto a fonte é abundante,
o rio dá água sem cessar.
Por que te lamentas se nenhum dos
dois se detém?

A alma é a fonte,
e as coisas criadas, os rios.
Enquanto a fonte jorra, correm os rios.
Tira da cabeça todo o pesar
e sorve aos borbotões a água deste rio.
Que a água não seca, ela não tem fim.

Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti,
para que escapasses.
Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode ser isto segredo para ti?

Finalmente foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo; um punhado de pó
vê quão perfeito se tornou!

Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.

Passa de novo pela vida angelical,
entra naquele oceano,
e que tua gota se torne o mar,
cem vezes maior que o Mar de Oman.

Abandona este filho que chamas corpo
e diz sempre Um; com toda a alma.
Se teu corpo envelhece, que importa?
Ainda é fresca tua alma.

 (Rumi)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Sobre relacionamentos



Primeiro fique sozinho. Primeiro comece a se divertir sozinho.
Primeiro ame a si mesmo. Primeiro seja tão autenticamente feliz, que se ninguém vem, não importa; você está cheio, transbordando. Se ninguém bate à sua porta, está tudo bem - Você não está em falta. Você não está esperando por alguém para vir e bater à porta. Você está em casa. Se alguém vier, bom, belo. Se ninguém vier, também é bom e belo. Em seguida, você pode passar para um relacionamento. Agora você se move como um mestre, não como um mendigo. Agora você se move como um imperador, não como um mendigo. E a pessoa que viveu em sua solidão será sempre atraídos para outra pessoa que também está vivendo sua solidão lindamente, porque o mesmo atrai o mesmo. 
Quando dois mestres se encontram - mestres do seu ser, de sua solidão - felicidade não é apenas acrescentada: é multiplicada. Torna-se uma tremendo fenômeno de celebração. E eles não exploram um ao outro, eles compartilham. Eles não utilizam o outro. 
Em vez disso, pelo contrário, ambos tornam-se UM e desfrutam da existência que os rodeia.
(Osho)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Contando um conto



Dois jovens monges se aproximaram do mestre que em silêncio apreciava o sol que se espreguiçava no vale se preparando para mais um dia.
O mestre ao vê-los apenas sorriu sem alterar sua posição.
O mais velho dos monges cumprimentou-o com gentileza e indagou:
- Mestre, estamos discutindo e não chegamos a nenhuma conclusão sobre a diferença entre conhecimento e sabedoria. Para ele não existe diferença, para mim sim, porém, não consigo expressar em palavras o que sinto e assim convencê-lo destas diferenças.
O mestre sorriu mais uma vez e olhando para o horizonte apontou para a montanha mais alta e disse:
- Para saber a diferença, coloquem um punhado de grãos de feijão em seus sapatos e subam até o alto daquela montanha, depois conversaremos.
Ambos saíram e seguiram as orientações do mestre, não sem antes passar em seus aposentos e se preparar para a subida.
No final da tarde retornaram e encontraram o mestre esperando-os pacientemente.
O mais jovem reclamando das dores que sentia uma vez que os grãos criaram bolhas deixando inchados seus pés.
O outro monge parecia nada sentir e seus pés estavam perfeitos sem nenhum problema.
E o mestre olhando para o mais jovem dos monges que havia se sentado para aliviar a dor disse:
- Percebeu a diferença entre conhecimento e sabedoria? Seu amigo colocou os mesmos grãos de feijão em seus sapatos, porém, tomou o cuidado de cozinhá-los antes.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Pensamentos daqui e dali



Havia um homem que não gostava de ver sua sombra nem suas pegadas. 
Para escapar delas, corria, corria e, quanto mais corria, mais pegadas surgiam no chão e com mais facilidade a sombra o perseguia. Pensando que isso acontecia porque estava indo devagar demais, acelerou o ritmo e saiu desembestado, campo afora, até que caiu de exaustão e morreu. 
Se tivesse ficado quieto, não haveria pegada alguma. 
Se tivesse parado tranquilo sob uma sombra, a sua própria sombra teria desaparecido.
(Chuang-Tsé)

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

sábado, 16 de janeiro de 2016

Porque hoje é sábado



Estamos encarnados na Terra, Espíritos imortais que somos, para nos humanizarmos, de modo que todo processo de ódio ou de cólera é reminiscência de nossa vida animal.
Vida animal que estamos deixando pouco a pouco, através de nosso burilamento. 
Então, é possível que tenhamos raiva ou que tenhamos ódio, é possível, sem termos direito para isso. Porque o ódio que sentirmos ou a cólera que alimentemos recai sempre sobre nós, no sentido de doença, de abatimento, de aflição e só pode nos causar mal, já que deixamos, há muito tempo, a faixa da animalidade para entrarmos na faixa da razão.
Somos criaturas humanas e por isso devíamos sentir a verdadeira fraternidade de uns para com os outros, sem possibilidade de nos odiarmos, porque os irmãos verdadeiros nunca se enraivecem uns contra os outros.

(Chico Xavier- Além do Tempo)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Quatro compromissos (relembrando)



SEJA IMPECÁVEL COM A SUA PALAVRA
Fale com integridade. Diga somente o que você realmente quer dizer. Evite usar a palavra para falar contra você ou fazer fofocas de outras pessoas. Use o poder da sua palavra no sentido da verdade e do amor.

NÃO LEVE AS COISAS PARA O LADO PESSOAL
Nada que as outras pessoas fazem é por causa de você. O que os outros dizem ou fazem é uma projeção da realidade deles, de seus próprios sonhos. Quando você fica imune às opiniões e ações dos outros, você não será vítima de sofrimento desnecessário.

NÃO FAÇA PRESSUPOSIÇÕES
Tenha a coragem de fazer perguntas e de expressar o que realmente você quer. Comunique-se com os outros o mais
claramente possível, para evitar mal-entendidos, tristezas e dramas. Somente com esse princípio você poderá transformar completamente a sua vida.

SEMPRE FAÇA O SEU MELHOR
O seu melhor muda de um momento para outro; será diferente quando você está bem de saúde e quando não. Em qualquer momento, faça simplesmente o seu melhor, e assim você evitará auto-julgamento, auto-abuso e arrependimentos.
(D. Miguel Ruiz)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Contando um conto



Há centenas de anos, um pastor, na montanha, divertiu-se a traçar, com o seu cajado, um pequeno sulco no solo. O que é um pequeno sulco?... Mas depois vieram a chuva, a neve, o gelo, o vento, o sol… E, pouco a pouco, aquele sulcozinho foi ficando mais cavado, alargou-se, até se tornar o leito de uma torrente. 
Isto não passa de uma imagem, mas ela ensina-nos que o mesmo fenômeno ocorre com o ser humano. Cada pensamento, cada sentimento, é como um sulco que ele traça na sua terra interior, e todas as forças psíquicas e espirituais que circulam no espaço contribuem também para tornar esse sulco mais fundo e mais largo.
Começa um novo ano… Não é um bom momento para traçardes conscientemente um sulco na vossa alma? Concentrai-vos num pensamento divino, formulai um desejo divino, e vivei durante todo este dia de tal modo que ele se imprima em vós. As forças celestes serão alertadas e virão apoiar-vos nos vossos esforços. Todos os dias elas estarão lá para vos dizer: «Lembra-te de que, no primeiro dia do ano, tu traçaste um sulco; continua a alargá-lo e a torná-lo mais fundo!», e, se as escutardes, se continuardes pacientemente o vosso trabalho, um dia sentir-vos-eis atravessados por um rio de luz.

(Omraam Mikhaël Aïvanhov)

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A vida que vivemos



Seja qual for a forma que a vida humana assuma, os seus elementos são sempre os mesmos. Portanto, naquilo que é essencial, ela é a mesma em toda a parte, seja numa cabana, na corte, no mosteiro ou no exército. 
Por mais variados que sejam os seus eventos, as suas aventuras, as suas felicidades e as suas desgraças, dá-se com a vida, no entanto, o mesmo que com os produtos do pasteleiro. 
As figuras são numerosas e variam quanto à forma e cor; todavia, tudo é feito da mesma massa, e aquilo que acontece a um é muito mais parecido com aquilo que ocorreu a outro do que este possa pensar ao ouvir a narrativa. 
Os acontecimentos da vida assemelham-se às imagens do caleidoscópio, no qual a cada volta vemos algo diferente, mas em verdade temos sempre o mesmo diante dos olhos.
(Arthur Schopenhauer)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Luz da semana



O mundo invisível está continuamente presente à nossa volta.
Ele olha-nos, escuta-nos e dá-nos sempre respostas.
A sua linguagem, muito diferente da nossa, não é fácil de compreender.
Mas ele responde-nos indiretamente, através de um ser humano, de um animal, de um fenómeno da natureza, de um odor, de um som...; provavelmente, estes ignoram que são portadores de uma mensagem e cabe a nós interpretá-la.
(Omraam Mikhaël Aïvanhov)

sábado, 9 de janeiro de 2016

Porque hoje é sábado



Responder a perguntas não respondo.
Perguntas impossíveis não pergunto.
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.
(
Cecília Meireles)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O amor é alado



[…] Muitas vezes, confundimos amor com dependência. Sentimos erroneamente que se nossos filhos voarem livres não nos amarão mais. Criamos situações desnecessárias para mostrar o quanto somos imprescindíveis. Fazemos questão de apontar alguma situação que demande um conselho ou uma orientação nossa, porque no fundo o que precisamos é sentir que ainda somos amados.
Muitas vezes confundimos amor com segurança. Por excesso de zelo ou proteção cortamos as asas de nossos filhos. Impedimos que eles busquem respostas próprias e vivam seus sonhos em vez dos nossos. Temos tanta certeza de que sabemos mais do que eles, que o porto seguro vira uma âncora que impede-os de navegar nas ondas de seu próprio destino.
Muitas vezes confundimos amor com apego. Ansiamos por congelar o tempo que tudo transforma. Ficamos grudados no medo de perder, evitando assim o fluxo natural da vida. Respiramos menos, pois não cabem em nosso corpo os ventos da mudança.
Aprendo que o amor nada tem a ver com apego, segurança ou dependência, embora tantas vezes eu me confunda. Não adianta querer que seja diferente: o amor é alado.
Aprendo que a vida é feita de constantes mortes cotidianas, lambuzadas de sabor doce e amargo. Cada fim venta um começo. Cada ponto final abre espaço para uma nova frase.
Aprendo que tudo passa menos o movimento. É nele que podemos pousar nosso descanso e nossa fé, porque ele é eterno.
Aprendo que existe uma criança em mim que, ao ver meus filhos crescidos, se assusta por não saber o que fazer. Mas é muito melhor ser livre do que imprescindível.

Aprendo que é preciso ter coragem para voar e deixar voar.
E não há estrada mais bela do que essa.
(Rubem Alves)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Coisas d'alma



Uma árvore não pode escolher o lugar onde cresce. Entretanto o lugar onde caiu sua semente, é o lugar correto para essa árvore. 
O mesmo ocorre conosco. 
O lugar onde estão nossos pais é o único lugar possível para cada um de nós e portanto o lugar correto.
(Bert Hellinger)

Contando um conto



Dentro e fora dos limites da cidade sagrada havia uma alta montanha, no cimo da qual havia um belíssimo palácio, habitado por um Rei resplandecente em Sabedoria e Amor. A montanha era inacessível para a maioria dos peregrinos embora, de quando em quando, alguns, mais aventureiros, tentassem subi-la. Uns poucos, talvez mais ousados ou persistentes, muniam-se de apetrechos considerados por eles como seguros e iam fazendo a sua caminhada.
Entretanto, quanto mais se aproximavam do topo, mais os obstáculos do caminho impediam o seu avanço e, assim sendo, eles retornavam.
Os poetas, ao regressarem, faziam versos sobre o caminho, a caminhada, as dificuldades do percurso e até arriscavam – na sua imaginação – descrever aquilo que não tinham visto.
Os letrados, ao voltarem, escreviam livros e tratados sobre como deveriam proceder aqueles que pretendiam subir a montanha. Embora os seus escritos contivessem muitos detalhes importantes, não conseguiam esclarecer – nem aos iniciantes nem a quem quer que fosse – alguma coisa a respeito das etapas finais, que eles tampouco haviam atingido.
Os devotos, ao voltarem, cantavam hinos e louvores nos quais enalteciam a figura do grande Rei que jamais tinham conhecido.
E assim se passavam os anos sem que ninguém conseguisse atingir o objetivo final, ou seja, chegar ao Rei.
Um dia, uma peregrina chegou à cidade sagrada e dispôs-se a subir a montanha.
No início, ia concentrada em si mesma, nos seus esforços, nos seus desejos, nos seus pensamentos e, assim, caminhava a passos lentos porque os seus pés pesavam como chumbo. Mas, ainda assim, persistia, apesar das dificuldades e tropeços da jornada.
Depois de muito tempo de caminhada, uma pequena avezinha que tentava voar para o alto da montanha carregando no seu bico uma frutinha enorme para o seu tamanho despertou a atenção da peregrina. Ela viu que, após várias tentativas infrutíferas, a avezinha simplesmente se desembaraçou da sua carga e seguiu voando livre para o alto da montanha.
Vendo em toda esta situação uma lição, a peregrina refletiu e achou que – ela também – talvez estivesse carregando uma carga pesada demais, o que lhe dificultava o avanço.
Fez uma retrospectiva da sua caminhada e substituiu o seu desejo inicial pela aspiração de chegar e, em vez de se concentrar apenas em si mesma, aspirou chegar ao topo para poder voltar e auxiliar os outros caminhantes que tivessem o mesmo intento a encontrar o caminho mais seguro.
Teve a ideia de ofertar ao Rei cada pensamento que lhe aflorava à mente; assim, a sua carga ficava mais leve.
O mesmo fez, não só com os pensamentos como com tudo o que sentia, que percebia, que entendia. E assim foi, caminhando, aquela – aparentemente – frágil peregrina, oferecendo o seu cansaço, as suas dores, tudo, em homenagem ao Rei que aspirava conhecer.
Quando conseguiu atingir o topo e entrou no palácio, constatou que o trono estava vazio.
Foi então que ouviu claramente uma voz como um trovão que lhe disse: “Sobe e senta-te!”. O Rei e ela eram finalmente UM!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Coisas d'alma





Quando nos deixamos guiar pela felicidade, nos posicionamos num tipo de caminho que sempre esteve ali, à nossa espera e vivemos exatamente a vida que deveríamos estar vivendo.
(Joseph Campbell)

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Pensamentos daqui e adli

Quem conhece perfeitamente bem os limites que a vida nos traça, sabe quão fácil é obter o que suprime a dor, causada pela necessidade, e faz a vida inteira perfeita, de sorte que não tem mais necessidade de coisas cuja aquisição exija esforço. 
Todos os desejos que não provoquem dor quando permanecem insatisfeitos não são necessários, e poderão ser facilmente recalcados se nos parecerem difíceis de ser satisfeitos ou capazes de nos causar danos.
(Epicuro)


segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Luz da semana



Bem-estar começa quando passamos a cuidar dos recursos internos: intelecto e mente. 
O intelecto é a sua inteligência, sua habilidade para tomar decisões, se concentrar e ver as coisas claramente. A mente controla os pensamentos e as emoções. 
A primeira coisa a fazer é ver o que a mente e o intelecto querem. Entender como eles operam ajuda a controlá-los. 
Assim você também passa a entender o que você quer deles. As mudanças começam aqui.

(Brahma Kumaris)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Tempo



Não é extraordinário pensar que dos três tempos em que dividimos o tempo - o passado, o presente e o futuro -, o mais difícil, o mais inapreensível, seja o presente?
O presente é tão incompreensível como o ponto, pois, se o imaginarmos em extensão, não existe; temos que imaginar que o presente aparente viria a ser um pouco o passado e um pouco o futuro. Ou seja, sentimos a passagem do tempo. 
Quando me refiro à passagem do tempo, falo de uma coisa que todos nós sentimos. Se falo do presente, pelo contrário, estarei falando de uma entidade abstrata. O presente não é um dado imediato da consciência.
Sentimo-nos deslizar pelo tempo, isto é, podemos pensar que passamos do futuro para o passado, ou do passado para o futuro, mas não há um momento em que possamos dizer ao tempo: «Detém-te! És tão belo...!», como dizia Goethe.

O presente não se detém. 
Não poderíamos imaginar um presente puro; seria nulo.
O presente contém sempre uma partícula de passado e uma partícula de futuro, e parece que isso é necessário ao tempo.

(Jorge Luís Borges)