terça-feira, 31 de julho de 2012

Cartas de amor para mim mesmo


XIX. Eu Desisto De Lutar

Lutar pelo quê e para quê?
Lutar por um lugar debaixo do sol, onde possamos estar em paz e deixar de sofrer não faz sentido.
Lutamos muitas vezes por ser diferentes do que somos porque não gostamos de nós, das nossas ações, dos nossos pensamentos ou das nossas emoções.
Pensamos sempre que, se fossemos diferentes, se lutássemos por ser diferentes, então as coisas seriam de outra forma, a vida ser-nos-ia mais propicia e deixaríamos de sofrer tanto, ou de evitar as oscilações contínuas entre alegrias e tristezas.
O querer lutar para ser diferente implica não-aceitação e por isso resistência.
Quando se desiste de lutar e se aceita como é, deixa de haver o “terei de ser assim” ou o “deveria ser assim” e deixamos de querer mudar o que quer que seja.
A mudança virá sempre na altura certa, faz parte do caudal da vida e do fluxo da criação.
Quem está num estado de alerta dos seus pensamentos e num Estado de Presença, deixa de querer lutar para mudar o que quer que seja, porque há a aceitação contínua do que é.
E o que poderia ser diferente do que é?
Mesmo que lutemos por mudar o que quer que seja, isso não será uma mudança, mas sim aquilo que é nesse momento.
A luta é típica do ego.
Porque a luta tem origem no descontentamento.
O lutar por querer ser Aquilo que Somos, a nossa verdadeira realidade, sempre fracassará, porque o que obteremos será sempre uma ilusão, uma mentira do ego.
O surgimento desse espaço, relacionado com o que somos verdadeiramente, não provém de lutas, ele surge naturalmente, quando deixamos que seja o que é, simplesmente, deixando, afundando-nos na sua imensa realidade, deixando que nos absorva e nos trague completamente, libertando-nos de armas, com as quais usualmente lutamos.
Quando se luta, há sempre armas envolvidas e no nosso espaço interior também as há.
Essas são as armas do ego, porque Quem Somos não precisa de armas, porque não luta.
Essas armas podem ser de vários tipos, mas são sempre armas com as quais o ego se equipa para lutar.
É uma forma dele subsistir dentro de nós.
Ele comanda um exército imenso.
Ele luta contra ele mesmo, contra inimigos que ele próprio inventou.
Luta dentro de nós, contra nós mesmos e contra os outros.
O ego vê sempre inimigos no mundo que existe e é sempre vítima desses “inimigos” inventados.
O ego nunca vê amor em nós ou no exterior.
Ele luta pela perfeição das suas próprias armas e dos seus próprios conceitos.
Mas a maior parte das vezes desconhece que essa luta será inútil quando descobrirmos que não há realmente nada pelo qual lutar, que o lutar não faz sentido, que não há inimigos, que somos todos um só.
Para o ego a unicidade é altamente mortífera.
Como poderíamos lutar contra alguém quando soubéssemos que dentro desse alguém estamos nós mesmos, que ambos fazemos parte de uma mesma Realidade Divina, que somos nós mesmos?
Poderia haver algo mais insensato do que alguém lutar contra si mesmo?
O ego cria teorias de separabilidade e a ilusão da separação para poder lutar, ignorando que luta contra si mesmo em muitas situações.
Esta ilusão da separação é criada para ele se poder alimentar, porque ao existir a separabilidade, há lugar para a existência de algo separado de algo, e poder-se-á criar assim a ilusão de que esse algo do qual estamos separados, é algo ameaçador e que nos quer constantemente atacar.
É dessa ilusão de ataque que se forma o alimento para a entidade ego.
Ao atacar ele está a alimentar-se e a nutrir-se, cada ataque ou ilusão de defesa, cria uma forma de subsistência para o ego.
É desta forma que ele se mantém em nós.
O ego luta por querer mais e mais, porque nunca está satisfeito com o que tem.
A insatisfação é uma das forças motivadoras do ego.
Ele procura sempre mais para se satisfazer.
Não há nada que exista que o possa satisfazer.
Ele vive da carência e do medo.
Estes dois aspectos trazem sempre insatisfação contínua.
E é nessa procura incessante pela satisfação que o ego nos mantém iludidos e prisioneiros.
Somos prisioneiros de nós mesmos.
Criamos a nossa própria prisão e aprisionamo-nos no seu interior.
Criamos as próprias algemas e correntes com que nos prendemos e julgamos serem sempre os outros ou os acontecimentos os causadores dessa nossa prisão e da nossa falta de liberdade.
 
(Um Tratado Completo de Liberdade – Joma Sipe)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Luz da semana

Pessoas preenchidas são pessoas contentes. Mesmo que alguém crie uma situação de descontentamento diante delas, pessoas contentes demonstrarão seu contentamento ao cooperar com aqueles que tentam torná-las descontentes. Contentamento não é ter tudo que se quer, mas estar satisfeito com o que se tem e o que se é. Pessoas contentes tem o sentimento de abundância mesmo sem ter muito, porque elas apreciam o que tem. 
Por outro lado, aqueles que não apreciam o que tem e o que são, estão sempre insatisfeitos porque se comparam com outros. 
Satisfação é estar preenchido. 
Quando se está preenchido, os olhos não são guiados pelo que os outros tem.
(Meera Nagananda)

sábado, 28 de julho de 2012

Tudo que existe


O hábito de ignorar nossos momentos presentes em relação a outros que ainda virão leva diretamente a uma abrangente ausência de consciência sobre a teia da vida na qual estamos embutidos.
Isso inclui ausência de consciência e compreensão de nossa própria mente, e como ela influencia nossas percepções e ações. Isso limita drasticamente nossa visão sobre o que significa ser uma pessoa e como estamos conectados uns aos outros e com o mundo a nossa volta.
A religião tem tradicionalmente sido o domínio de reflexões fundamentais como essa, em um contexto espiritual. Mas estado desperto tem pouco a ver com religião, a não ser com o significado mais essencial dessa palavra: como uma tentativa de apreciar o profundo mistério de estar vivo e de reconhecer a conexão vital com tudo que existe.
(Jon Kabat-Zinn)

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Todos já nascemos misticos


Um amigo me disse uma vez: "A meditação é para místicos. Por que, então, você propõe sua prática para pessoas comuns?"
Primeiro, queria dizer que nunca encontrei uma pessoa comum. Isso não existe, é algo criado por pessoas egoístas. Um egoísta precisa criar coisas comuns, essa á a única forma através da qual seu ego pode existir.
Nenhum ser humano é comum, pois cada um de nós é sempre absolutamente único. Cada ser humano é criado por Deus. Como, então, poderia ser comum? Deus nunca cria nada comum. Tudo em sua criação é raro.
Cada indivíduo é tão único que nunca se repetirá. Você nunca foi antes, nunca será depois. Não é possível encontrar ninguém exatamente igual a você.
Ainda assim, a meditação seria "para místicos". É verdade, trata-se de algo para místicos, mas nós já nascemos místicos, pois cada um de nós carrega consigo um grande mistério que precisa ser compreendido, cada um de nós possui um grande potencial que precisa ser desenvolvido.Todos nascem com um futuro. Todos têm esperança.
(Osho)

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A vida tem tantos tesouros

A vida é um fio de navalha e temos que andar por este caminho com cuidado extraordinário e com uma sabedoria flexível.
A vida é tão rica, tem tantos tesouros, nós vamos até ela com o coração vazio; não sabemos como satisfazer nosso coração com a abundância da vida. Somos pobres interiormente, e quando as riquezas nos são oferecidas, nós recusamos. O amor é uma coisa perigosa, ele traz a única revolução que dá felicidade completa. Tão poucos de nós são capazes de amar, tão poucos querem amar.
O amor é um estado de ser no qual todos os problemas são resolvidos. Nós vamos ao poço com um dedal, e assim a vida se torna um negócio de mau-gosto, insignificante e trivial.
Que lugar adorável a terra poderia ser, pois há tanta beleza, tanta glória, tanta amorosidade imperecível. Nós estamos presos na dor e não nos importa sair fora dela, mesmo quando alguém nos aponta uma saída.
Nada pode estragar o amor, pois tudo se dissolve nele – o bom e o mau, o feio e o bonito. É a única coisa que é a sua própria eternidade.
(Krishnamurti)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

(Res)pingos de luz

“A fé entra pelos ouvidos”, disse o Apóstolo Paulo.
Preste ouvidos às grandes verdades divinas, à voz Divina.
Em que lingua fala essa voz?
Não é em ingles, frances ou italiano, mas na linguagem do amor, da paz, da alegria, da harmonia, da crença, da confiança e da boa vontade.
Preste ouvidos a essas qualidades e potencias divinas.
Sorva mentalmente essas qualidades positivas e duradouras e, aos poucos, voce se condicionará a elas e a Lei do Amor governará sua vida,
(Murphy)
[Retirado do caderno de anotações do Prof. Antônio Costa, nosso pai.]

terça-feira, 24 de julho de 2012

Cartas de amor para mim mesmo


XVIII. A procura

Este é o sentimento de quem procura: procuramos por nós mesmos.
E nunca nos encontraremos porque não há nada para procurar nem nada para encontrar.
Tudo já existe, porque nunca nos abandonamos a nós mesmos, apenas criamos a ilusão de que o fizemos.
E isso é apenas uma ilusão e nada mais.
Apenas uma ilusão, um véu de névoas e sombras que desaparece com a luz, porque não resiste à luz.
O medo que o ego tem da luz é o mesmo medo que ele tem de viver nas trevas e, no entanto não sabe que aí vive porque fez desse mundo o seu mundo.
O ego tem medo da luminosidade que é lançada sobre ele com estas palavras de luz e tende a considerá-las como desprezíveis e sem importância, porque simplesmente o ameaçam, ameaçam a sua supremacia, domínio e superioridade sobre o nosso corpo, sentimentos e pensamentos.
Ele quer ser rei e senhor e algo como estes pensamentos e palavras o afetam.
Como poderá ele subsistir e viver se acreditamos que toda a força existe em nós?
Como poderá ele subsistir sem guerras, conflitos e batalhas, tanto internas como externas?
O ego vive da oposição e da dualidade, é isso que lhe dá vida e que lhe dá força e são os seus impulsos motivadores e a força geradora da sua energia e da sua vitalidade.
Se nós lhe retiramos essa força, então o ego acaba por perder energia e sentido de viver.
Há momentos em que alguns egos nos levam mesmo para baixo, digo alguns, porque realmente eles são plurais, a separação Daquilo que Sou Eu Mesmo produziu um ego que assume o controlo, mas este ramifica-se em muitos.
São os muitos eus, as muitas vontades, os muitos pensamentos e sentimentos que habitam em nós, e cada um deles em determinado momento quer assumir a supremacia por uma parte de nós, seja pelo coração, pelo pensamento ou pela ação.
Aí é que eles são descobertos, porque podemos saber e sentir em nós que eles lutam entre eles mesmos pelo domínio e nunca estão em paz, estão sempre em conflito constante, por isso, por esse sabor, os reconhecemos, e podemos exterminá-los de nós mesmos.
Essa é uma deixa e uma forma de reconhecermos o ego, pelo conflito interno que eles deixam.
Nós mesmos, aquilo que forma a nossa verdadeira realidade, Deus em nós, jamais está em conflito, como podemos estar em conflito com nós mesmos?

Como podemos estar em conflito com o que somos, se nós somos tudo o que somos?
Nós, no Estado de Presença constante avistamos pensamentos em nós dos quais nos deveríamos, muitas vezes, rir e achar-lhes piada, porque não passam de ilusões e mete-medos, esses pensamentos são tão verdadeiros como o futuro que nos espera, ou seja, não existem.
Esses pensamentos que temos, quando vemos tudo e todos com a nossa mente egóica, são ilusões, e, por isso, muito do mundo que nós vemos é uma ilusão.
Um mundo criado pelos nossos pensamentos, uma esfera de pensamentos e emoções errados, ações alvo da manipulação de nós mesmos pelo nosso ego, que acreditamos ser a nossa verdadeira realidade, sem a percepção de estarmos identificados com ele.
Chegou o momento de decidirmos e sabermos que esse ego não somos nós mesmos, que o criamos e que é ilusório.
Isso leva-nos a concluir que todo o nosso mundo é ilusório e por isso não lhe devemos dar tanta importância.
Não devemos dar tanta importância aos nossos pensamentos, às nossas emoções e às nossas ações, quando neles existe conflito, quando neles existe preocupação, quando neles existe tristeza e desarmonia, quando neles existe sofrimento, porque agora sabemos que não são verdadeiros e não são verdadeiramente nossos, não são parte do que nós realmente somos e são invenção de uma entidade que, ela própria é ilusória e falsa, mas que sempre acreditamos sermos nós mesmos.
Podemos ouvir o nosso coração em todos os segundos da nossa vida e ele é a porta aberta para o interior de quem nós realmente somos.
Deus é amor e no nosso interior habita Deus e é lá que nós podemos encontrar o amor.
Nós temos forma e movemo-nos através da nossa forma, mas a nossa manifestação na forma não tem forma.
A nossa manifestação no espaço, não tem espaço.
A nossa manifestação no tempo, não tem tempo.
O que nós mesmos somos, a nossa verdadeira identidade, não possui identidade.
Não tem nome. Não tem cor, cheiro ou sabor.
O que nós realmente somos não gosta ou desgosta, não vê o mau nem o bom, não concebe o amigo ou o inimigo, não procura dar nem receber amor…
A nossa verdadeira realidade é o que é, é o que existe, é o que sempre existiu, é o que sempre existirá.

 (Um Tratado Completo de Liberdade – Joma Sipe)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Luz da semana


Assim como faço eu me torno. 
Cada ação que eu desempenho é gravada dentro de mim, na alma. As impressões dessas ações moldam meu caráter e destino. 
Quando entendo esse princípio, presto mais atenção em trazer o meu melhor a tudo que faço. 
Que hoje eu molde meu caráter e meu destino com consciência. 
(Brahma Kumaris)

sábado, 21 de julho de 2012

Passos


Caminhante, o caminho é feito por seus passos. 
Caminhante, não há caminho, o caminho é feito ao andar. 
Andando se faz o caminho e, se você olhar para trás, 
tudo que verá são só as marcas de passos que algum dia seus pés tornarão a percorrer. 
Portanto, caminhante, não há caminho, o caminho é feito ao andar.
(Antonio Machado)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Depende de nós


Por si mesmo é, na verdade, o mal feito; 
por si mesmo alguém se contamina.
Por si mesmo o mal é deixado de ser feito; 
por si mesmo, na verdade, alguém se purifica.
Pureza e impureza dependem de si mesmo; 
ninguém pode a um outro purificar.
(Dhammapada)

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Acredito em Deus


Mas não sei se o Deus em que eu acredito é o mesmo Deus em que acredita o balconista, a professora, o porteiro.
O Deus em que acredito não foi globalizado.
O Deus com quem converso não é uma pessoa, não é pai de ninguém. É uma idéia, uma energia, uma eminência.
Não tem rosto, portanto não tem barba.
Não caminha, portanto não carrega um cajado.
Não está cansado, portanto não tem trono.
O Deus que me acompanha não é bíblico.
Jamais se deixaria resumir por dez mandamentos, algumas parábolas e um pensamento que não se renova.
O meu Deus é tão superior quanto o Deus dos outros, mas sua superioridade está na compreensão das diferenças, na aceitação das fraquezas e no estímulo à felicidade.
O Deus em que acredito me ensina a guerrear conforme as armas que tenho e detecta em mim a honestidade dos atos.
Não distribui culpas a granel: as minhas são umas, as do vizinho são outras, e nossa penitência é a reflexão.
Ave Maria, Pai Nosso: isso qualquer um decora sem saber o que está dizendo. Para o Deus em que acredito, só vale o que se está sentindo. 
O Deus em que acredito não condena o prazer.
Se ele não tem controle sobre enchentes, guerrilhas e violência, se não tem controle sobre traficantes, corruptos e vigaristas, se não tem controle sobre a miséria, o câncer e as mágoas, então que Deus seria ele se ainda por cima condenasse o que nos resta: o lúdico, o sensorial, a libido que nasce com toda criança e se desenvolve livre, se assim o permitirem?
O Deus em que acredito não é tão bonzinho: me castiga e me deixa uns tempos sozinho.
Não me abandona, mas me exige mais do que uma visita à igreja, uma flexão de joelhos e uma doação aos pobres: cobra caro pelos meus erros e não aceita promessas performáticas, como carregar uma cruz gigante nos ombros.
A cruz pesa onde tem que pesar: dentro.
É onde tudo acontece e Este é o Deus que me acompanha.
Um Deus simples.
Deus que é Deus não precisa ser difícil e distante, sabe-tudo e vê tudo.
Meu Deus é discreto e otimista.
Não se esconde, ao contrário, aparece principalmente nas horas boas para incentivar, para me fazer sentir o quanto vale um pequeno momento grandioso: um abraço num amigo, uma música na hora certa, um silêncio.
Meu Deus é humilde.
Não posso imaginar um Deus repressor e não posso imaginar um Deus que não sorri.
Porque quem não te sorri, não é teu cúmplice... 
(Rubem Alves)  

quarta-feira, 18 de julho de 2012

(Res)pingos de luz


Estas são as ferramentas que usamos: pensamos, amamos e acreditamos.
Através do pensamento alcançamos o conhecimento.
Através do amor harmonizamo-nos com a Mente Universal.
Através da crença transformamos os pensamentos em coisas.
Estas três ferramentas, compreendidas e usadas, trazem poder.
(U.S.Andersen)

[Retirado do caderno de anotações do Prof. Antônio Costa, nosso pai.]