quarta-feira, 1 de julho de 2015

Amanhã



O tempo é velhice, o tempo é sofrimento, o tempo não respeita ninguém. 
Há o tempo cronológico, medido pelo relógio. Este é indispensável; do contrário, não poderíamos ter condução, viajar, preparar uma refeição, etc. 
Mas nós aceitamos outra espécie de tempo, ou seja, amanhã eu serei, amanhã mudarei, futuramente me tornarei isto ou aquilo; psicologicamente, criamos este tempo - amanhã. 
Mas, existe esse dia imediato? Eis uma pergunta que tememos fazer a sério. Porque nós desejamos o amanhã: amanhã terei o prazer de me encontrar com você, amanhã eu compreenderei, minha vida será diferente. 
Amanhã conhecerei a iluminação. E desse modo o futuro se torna a coisa mais importante de nossa vida.
Faça a si próprio esta pergunta, e descubra a verdade respectiva: existe realmente um amanhã fora do pensamento que projeta o amanhã? 
O futuro, com efeito, é uma invenção do pensamento. 
Se, psicologicamente, não houvesse um amanhã, que aconteceria, hoje, em sua vida? Uma tremenda revolução, não é? 
Sua ação se transformaria radicalmente, não é assim? Você seria, agora, um ente total e não um ente projetado do passado para o presente e daí para o futuro.
Tal equivale a viver e morrer todos os dias. 
Faça-o, e verá o que exprime viver completamente hoje. 
E isso não é amor? Ninguém diz "Amanhã amarei". Ou amamos ou não amamos. 
O amor não reside no tempo; nele só está o amargor, porque o amargor, tal como o prazer, é pensamento. Devemos, pois, descobrir o que é o tempo, e descobrir se existe um "não amanhã" (no tomorrow).
Isso é viver; há então aquela vida eterna - porque, na Eternidade, não existe tempo.
(J. Krishnamurti)

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